O trem partiu tem por objetivo analisar a implantação, operação e desativação da linha da Grota, estrada de ferro de propriedade da União que se localizava no centro-norte da Bahia e que fazia a ligação entre as duas principais estradas de ferro que cortavam o território baiano, a do São Francisco e a Central da Bahia e que, depois do primeiro Plano Nacional de Viação (1934) seria importante trecho do tronco Norte-Sul, que deveria ligar São Luís, no Maranhão, a então capital do país, o Rio de Janeiro. Os trabalhos foram iniciados em 1912, sendo o tráfego de seus primeiros quilômetros aberto em 1917. Sobreviveu até 1976 quando, em meio às políticas de supressão de trechos antieconômicos executadas no período da ditadura militar, foi desativada. A pesquisa priorizou as relações econômicas, políticas e sociais, tanto na região atendida pelos trilhos quanto na Bahia e no Brasil como um todo, pois analisamos a estrada de ferro juntamente com o desenvolvimento das ações para os transportes executadas por governos e particulares. Por esta razão, a ferrovia é analisada em conjunto com as rodovias, pois a locomotiva, além dos vagões, rebocava ideais de progresso, modernização e desenvolvimento econômico, que para as elites estaduais e regionais num primeiro momento e a partir dos anos 50 para o governo federal, só poderiam ser atingidos através da modernização dos meios de transporte.
A ferrovia da Grota, assim como tantas outras Brasil afora, operou sempre a sombra das dificuldades. Com um traçado difícil que priorizou o menor custo em detrimento daquilo que era mais adequado e que demorou quase quarenta anos para assentar o último dormente apenas 350 quilômetros depois do primeiro, jamais conseguiu funcionar de modo eficiente, seguro e rápido como exige a logística ferroviária. Acrescente-se a isso a carência crônica de recursos, a falta de materiais, as ingerências políticas em sua administração, dentre outros problemas, e teremos uma situação insustentável. Por estas ra